Novas abordagens com relação à etnografia começam a gerar uma compreensão mais profunda sobre as necessidades dos usuários, que exigem mais personalização a cada dia. Indo além de um grupo focal ou de uma simples pesquisa, o design etnográfico trabalha com pesquisadores que incorporaram-se à vida de usuários para que possam observar mais e entender completamente suas necessidades. Os resultados obtidos podem despertar a chamada “empatia significativa”, que gera soluções eficazes para desafios reais – e não apenas resultados visualmente agradáveis.
A etnografia investiga os costumes, crenças e tradições de uma sociedade. Levando esse conceito para o design, obtemos informações preciosas que não são facilmente expostas pelas clientes. O etnógrafo de design Jan Chipchase executa expedições de imersão cultural para locais como Kyoto e Ásia Central. “Enquanto a maioria dos dados pode dizer a você o que as pessoas estão fazendo e como, apenas uma pesquisa de campo bem conduzida revelará o porquê “, diz ele.
Seguindo neste mesmo passo, a iniciativa “Street Debater” de Tomo Kihara transforma cidades em centros de debate, onde as opiniões podem ser construtivamente trocadas, cara a cara.
Na parte arquitetônica e da construção, o arquiteto chileno Alejandro Aravena defende o desenho participativo. Dessa forma, foi desenvolvida a ideia de habitação social incremental, construindo “metade de uma boa casa” para atender imediatamente aos moradores necessitados, com infraestrutura embutida para que seja possível adicionar partes às suas propriedades ao longo do tempo.
Todas essas atitudes envolvendo pessoas como ponto focal transformarão a maneira de produzir design e arquitetura. O melhor design do futuro virá de quem for capaz de ver o que é realmente necessário.
À medida que nossos mundos real e virtual se fundem cada vez mais, será necessário desenvolver um novo olhar com relevância concreta para nossos futuros clientes que já nascem orientados pela tecnologia.
Os futuros inovadores estão adotando uma abordagem prática para a criatividade, provocando uma mudança em relação a métodos convencionais de resolução de problemas. A mudança de mindset, indo além ‘design thinking’ para uma metodologia de ‘design doing’ é o elemento fundamental para transformar ideias de maneira a agir e adaptar-se de forma mais eficaz.
O pequeno grande público Alpha
Como resultado desse novo comportamento, cresce a necessidade de envolver o público Alpha (e seus pais Millennials ou Gen X) nos projetos comerciais, enquanto o mundo se ajusta a um varejo em constante mudança de panorama. Para capturar o curto tempo de atenção do exigente público Alpha, varejistas precisam entregar novidades e experiências exclusivas a todo momento.
Para crianças, experimentar produtos deve ser semelhante a jogar, então os espaços devem incentivar a interação física.
Em Goyang, Coréia do Sul, a Matthew & Joelle’s Toy Kingdom Play apresenta seis diferentes zonas, cada uma dedicada a um diferente tipo de jogo. Cada zona envolve as crianças em de uma maneira diferente, seja através de brinquedos, grupos de atividades, trabalhos artísticos, histórias de faz de conta e até mesmo um mundo em VR chamado Little Society. Misturando elementos físicos e digitais, o espaço leva a loja de brinquedos para o próximo nível esperado no ramo do varejo para os Alphas.
Na boutique infantil Joana João, no Rio de Janeiro, a loja inspirada em uma casa da árvore apresenta mesas e materiais para as crianças se sentarem e desenharem enquanto os pais exploram a loja. Os elementos de jogos na loja podem servir como meios para envolver os jovens compradores, bem como entretenimento, enquanto os pais compram.
Produto personalizado para os pequenos
A personalização prática é uma ótima maneira de adicionar diversão à experiência do varejo. Seguindo o lucrativo modelo “Construa um urso”, mais varejistas estão procurando criar experiências interativas resultando em uma experiência única através de um produto para levar para casa. O conceito não se limita a brinquedos de pelúcia: a Lego também implementou essa estratégia em suas lojas, onde os clientes podem criar suas próprias minifiguras personalizadas.
O mesmo conceito também é aplicável para o ramo da beleza e cuidados pessoais, atingindo jovens. Para o design da loja, temos o exemplo da Birchbox, cujos tijolos de argamassa incluem uma parede de produtos em miniatura, onde os clientes podem montar sua própria caixa. Em Berlim, a marca alemã de cosméticos Essence lançou um “Maker Shop”: um ambiente de laboratório científico de desenho animado onde as crianças podem misturar seu próprio brilho labial e cosméticos de cores personalizadas, criando produtos únicos.
Gênero neutro
A tendência de gênero neutro cresceu rapidamente da moda urbana para uma nova visão cultural sobre a maneira como meninos e meninas são criados de forma diferente. O movimento se traduziu rapidamente em coleções neutras de gênero de grandes varejistas, bem como na publicidade livre de gênero nas seções infantis de lojas de vestuário e brinquedos.
Embora ainda seja um movimento nascente de grandes centros metropolitanos, o número de pais que defendem um gênero neutro na abordagem da criação de seus filhos está aumentando. Para ilustrar, dados da Mintel mostram que 20% dos pais com filhos menores de 12 anos apoiam roupas neutras em termos de gênero, com números ainda mais altos entre os pais Millennials.
Quando se trata de brinquedos, jogos e outros presentes, as marcas terão que se afastar gênero óbvio, e o design da loja terá que seguir o mesmo exemplo.
Para se adequar a esse novo público, uma dica é sempre estar em busca de novas oportunidades para alcançar crianças e seus pais através de elementos interativos para criar uma experiência única que pode ser agradável para ambas as gerações.
Preparando os espaços para o futuro, evite merchandising fortemente focado em gêneros, ou essa separação entre feminino e masculino no design da loja. Isso se tornará particularmente importante para atender os clientes conforme os Millennials e a geração Z se tornam pais.
Conteúdo Refresher
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