Relacionamento com fornecedores da sua fábrica: como melhorar?

Relacionamento com fornecedores

À primeira vista, o ano de 2016 não foi um bom ano para a indústria moveleira, uma vez que o setor registrou queda de 9,9% em sua receita de vendas, segundo dados do IBGE. Mas se essa premissa é verdadeira, o que explica tantos concorrentes do segmento apresentarem crescimento no período, enquanto outros se seguram como podem para se manter de portas abertas diante do vendaval da crise econômica?

A resposta está no nível de organização industrial de cada fábrica de móveis. Isso porque o furacão da crise “sopra com mais furor” sobre os telhados das empresas menos estruturadas. Assim, organização industrial excessivamente verticalizada, baixa eficiência dos processos de transformação da madeira em peças/componentes e, principalmente, falhas nas estratégias de relacionamento com fornecedores são algumas fraquezas potencializadas durante os períodos de retração. A crise, então, só realça as vulnerabilidades que a empresa já possui.

Aliás, a relação dos fabricantes de móveis com seus fornecedores é um ponto capital, que explica muitos casos de insucesso no setor. Será que você tem adotado as estratégias corretas junto aos seus provedores de matérias-primas/peças/equipamentos? Bom, vamos descobrir isso agora.

A importância de desenvolver estratégias inteligentes no relacionamento com fornecedores

O trinômio valor/serviço/qualidade tem sido a exigência do mercado de móveis. Essa sistemática impõe ao processo produtivo do setor baixo custo (alta produtividade), velocidade (diminuição do tempo de ciclo) e excelência (ínfimo índice de assistência técnica e alto padrão de acabamento).

Ocorre que até alguns anos, não havia nenhuma concepção de integração entre os membros da cadeia produtiva para alcançar esses resultados. Sem qualquer tipo de encadeamento, cada qual fazia sua parte sem se preocupar com a produção como um todo.

Assim, o fornecedor do MDF/MDP só queria vender sua matéria-prima ao produtor de móveis e não dava a mínima para a ponta final da cadeia; o produtor, por sua vez, tinha olhos fixos no cliente e também ignorava questões particulares do fornecedor (como certificação florestal, qualidade nas fibras da madeira etc.).

Se você atua há tempos no segmento, sabe que o resultado desse isolamento era ociosidade na produção de móveis (por atrasos na entrega), rupturas de estoque, dificuldades de negociação com fornecedores e, por consequência, insatisfação do cliente, algo que prejudicava a todos.

Atualmente, os grandes players do setor moveleiro já perceberam a necessidade de enxergar as empresas participantes do processo produtivo como parceiras. É o que se chama de Supply Chain Management, estratégia que harmoniza a logística de fornecedores e produtores de móveis de forma integrada, em uma relação de interdependência que permite melhora nas cotações, entregas rápidas e geração de valor ao consumidor final.

Alguns empresários da indústria moveleira ainda não entenderam como fazer do relacionamento com fornecedores a mola propulsora para a redução de custos, melhoria na qualidade e otimização do lead time. Você pode fazer isso, na prática, por meio de 4 situações:

1. Implemente um ERP para a indústria moveleira, que ofereça soluções integradas à gestão de projetos

A implantação de um ERP é essencial para a indústria moveleira, principalmente para quem têm problemas com fornecedores. Como o ERP cria normas, padrões, organiza ordens de compras e informações de transportadoras, fica mais fácil se comunicar com os fornecedores e manter uma relação de confiança, já que a empresa está munida de dados concretos.

O ideal é ter um ERP integrável a softwares de projetos de móveis e de design de interiores. Com isso, você terá um controle completo sobre todo o ciclo de vida da produção, desde a concepção do móvel, fabricação, até o controle da venda e gestão dos processos envolvidos. O que isso tem a ver com seu relacionamento com fornecedores? Tudo.

Dar inteligência operacional à sua produção de móveis garante:

  • maior previsibilidade na demanda de materiais (por meio de trabalho com algoritmos matemáticos na estimativa de vendas de cada período, utilizando dados como análise de série histórica, médias móveis de volume de vendas etc.);
  • controle de estoque mais preciso: alertas de Estoque Mínimo, cálculos automatizados do Ponto de Pedido e lead time, por exemplo, permitem que a ordem de compra seja dada na hora exata e na quantidade ideal, sem desperdícios, nem riscos de desabastecimento.

Tudo isso possibilita antecipar cenários e fazer um melhor planejamento estratégico junto aos fornecedores. Se você já sabe antecipadamente qual volume de colas especiais, folhas de madeira e filme termoencolhível (filme stretch) que você necessitará nos próximos meses, fica mais fácil negociar melhores valores/condições de pagamento, bem como otimiza o planejamento do próprio fornecedor, garantindo que a entrega seja feita na data solicitada.

O ERP ajuda a construir essa relação de confiança e segurança com os fornecedores, que se dá por meio da criação de padronizações e regras.

2. Estabeleça relações de longo prazo com os fornecedores

Cuidado para não cair na armadilha do preço baixo. Algo muito comum nas fábricas de móveis de pequeno/médio porte é manter contato com inúmeros fornecedores simultaneamente, alternando suas fontes de matérias-primas com base nas “promoções do momento”. Esse tipo de atitude não fideliza o fornecedor, faz com que a empresa compre mais do que deveria e abre mão da qualidade em nome da baixa cotação.

Premissa básica do Supply Chain Management é cultivar uma relação de longo prazo com seus fornecedores. Não se trata de ter fornecedor exclusivo, mas de reduzir as infinitas opções do mercado a um grupo seleto, baseado em qualidade.

Esse processo de seleção pode ser auxiliado pelo ERP. Os melhores sistemas de gestão para a indústria de móveis costumam ter funcionalidade de Avaliação de Recebimento, por exemplo. Trata-se de um diretório que armazena todas as informações sobre os processos realizados com os fornecedores. Questões como:

  • qualidade na prestação do serviço;
  • agilidade de entrega (cumpre prazos?);
  • disponibilidade de produto;
  • flexibilidade para mudanças em pedidos em termos de especificação, prazo de entrega e quantidade;
  • preço justo e de acordo com o mercado (competitivo?).

Devem ser alocadas no sistema, e a partir desse conhecimento gerencial, os gestores conseguem ter subsídios para avaliar cada fornecedor, rastrear essas informações sempre que preciso e, assim, limitar seu portfólio de fornecedores aos melhores pares do mercado. A partir daí, inicia-se um gradual processo de fidelização que, em longo prazo, trará lotes mais baratos, facilitações de pagamento, melhor qualidade de matéria-prima e fixação de entregas programadas.

Estratégias de longo prazo como essas explicam o sucesso de muitos pares do setor. Percebeu como ter uma boa estratégia de relacionamento com fornecedores faz a diferença?

3. Alinhe seu fluxo produtivo à logística do fornecedor

Quais as condições de entrega de seus melhores fornecedores? Qual sua logística de distribuição? Você sabia, por exemplo, que a fábrica da Volkswagen em Resende/RJ, no intuito de implementar sua estratégia de produção Just in Time, trouxe seus fornecedores de peças para dentro de seu parque industrial? Embora de outro segmento, esse tipo de benchmarking ajuda a entender como algumas empresas levam a sério esse ajuste logístico!

Se você não pode trazer seus fornecedores para perto de você, que tal instalar-se mais próximo deles? Ou programar entregas?

4. Compartilhe seus planos de produção junto aos fornecedores

Você está em processo de expansão e precisará no ano que vem de seccionadoras angulares? Quer melhorar seus processos de usinagem com novos pantógrafos? Que tal compartilhar tudo isso com seus fornecedores de equipamentos?

Outro benchmarking de outro setor, mas útil às fábricas de móveis: há décadas, a Boeing compartilha informações sobre seus planos de produção. Com isso, ela consegue negociar com seus fornecedores melhores preços, uma vez que eles ficam por dentro das perspectivas de aumento de produção da empresa e isso aumenta a confiança na relação.

A ideia é aproximar o fornecedor da fábrica de móveis. Você pode ir até mais longe, convidando seus provedores de matéria-prima/peças/equipamentos para conhecer sua empresa, desenvolver ações de cross marketing, entre outras estratégias que contribuam para uma relação amigável.

Aprendeu como cultivar relacionamento com fornecedores e fazer disso ponto capital de aumento de competitividade? Então compartilhe nosso conteúdo nas redes sociais!

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