Just in Time: saiba como obter mais produtividade na indústria

Just in Time: saiba como obter mais produtividade na indústria

Não é de hoje que a indústria percebeu que estoque é dinheiro parado. O eterno dilema enfrentado pela força produtiva, entretanto, é que se por um lado estoques representam recursos desperdiçados no curto prazo e necessidade de espaço físico, por outro, sua ausência é sinônimo de desabastecimento. Como resolver isso? A resposta passa pela metodologia Just in Time.

Hoje, você vai entender como essa filosofia — surgida no Japão em meados dos anos 1950 — é crucial para reduzir perdas em uma indústria moveleira que já trabalha com margens estreitas, especialmente em momentos de crise. Confira!

Afinal, o que é Just in Time?

A ideia do Just in Time foi originada em um Japão devastado pelo pós-Guerra, que precisava ressuscitar sua indústria com poucos recursos, o que exigiria, portanto, controle financeiro à mão de ferro.

Nesse processo de reconstrução industrial, percebeu-se que a gestão de estoques impactava fortemente toda a cadeia produtiva do país, trazendo efeitos no processo de venda, custo de produção, preço final, sistema de transporte etc.

Apesar de ser imprescindível manter suprimentos para impedir a interrupção do processo produtivo, o excesso de estoques gerava um peso impossível de ignorar, inclusive porque desidratava a competitividade. Assim, o ideal era que cada matéria-prima só fosse requisitada quando houvesse o pedido de compra do produto correspondente.

Essa é a essência do Just in Time, um modelo de gestão baseado na redução drástica ou, em alguns casos, até na extinção completa do estoque.

Ok, na teoria é fácil, mas como, na prática, trabalhar sem estoques? Como receber de forma relâmpago uma chapa de MDF depois da encomenda do móvel pelo cliente e, mesmo assim, ter tempo para receber o insumo, trabalhá-lo e entregar a mobília dentro do prazo combinado? Como evitar atrasos? Isso passa por nuances que veremos abaixo.

Qual é a relação entre Curva ABC e Just in Time?

Just in Time não significa necessariamente eliminar a totalidade de seus estoques, até porque um parafuso e uma esquadria têm pesos completamente diferentes no capital de giro das pequenas fábricas. Ou seja, não dá para falar em redução de estoques sem saber usar a Curva ABC.

É com esse modelo matemático que você vai determinar quais são os insumos críticos para sua fabricação de móveis (e que, portanto, precisam ser mais bem gerenciados).

A Curva ABC é um relatório ordenado das matérias-primas de acordo com seu peso financeiro na empresa. Ela se baseia na regra “80/20” de Pareto, segundo a qual 80% dos efeitos vêm de 20% das causas. E isso tem relação direta com a gestão de estoques.

Se você listar todos os insumos utilizados em sua empresa e multiplicar o preço unitário pela quantidade adquirida mensalmente, provavelmente chegará à conclusão que 20% de seus itens respondem por 80% do custo. A Curva ABC vai fazer exatamente essa conta com todas as matérias-primas que você usa normalmente, da cola aos compensados.

Após fazer essa listagem, em 4 colunas (item, preço unitário, quantidade demandada e custo total), você deverá ordenar essa relação segundo o nível de criticidade (dos maiores custos para os menores).

Com isso, você provavelmente verá que 20% desses itens respondem por cerca de 80% dos custos (por mais “mágico” que pareça, essa matemática é quase sempre repetível e bastante precisa).

Com esses dados em mente, se parecia utopia trabalhar com estoque zero em todos os insumos, criar um fluxo inteligente para os materiais mais críticos não é nada fora da realidade. É aqui que começa a aplicação prática do Just in Time em seu roteiro de produção.

Como implantar a filosofia Just in Time na indústria moveleira?

Imaginemos que uma fábrica de móveis tenha concluído que seus blocos de madeira sólida (lâminas e compensados) e as chapas de MDF e MDP sejam os itens “A” da Curva ABC. É sobre esses elementos que a implementação do Just in Time deve recair.

Uma fábrica de móveis que queira controlar despesas com mão de ferro e, lá na frente, conseguir ter custo de produção mais baixo para transformar folga orçamentária em preço final mais competitivo (e, assim, ampliar sua fatia de mercado) precisa se redesenhar inteiramente em torno desses itens críticos.

Em muitos casos, essa guinada de 180° na gestão vale a pena, especialmente se nos lembrarmos de que o custo com matéria-prima pode ultrapassar os 65% do faturamento.

Isso pode significar, por exemplo, escolher seu local de montagem em função do fornecedor desses itens, o que deve ser posterior ao fechamento de uma parceria de exclusividade (relação de longo prazo que deve se refletir em custo médio mais baixo e muito mais velocidade na entrega).

Além desse acordo entre os elos da cadeia de logística (e da consequente mudança de localização da fábrica), você pode integrar sistemas de gestão, compartilhando dados de estoques e de demanda, auxiliando o fornecedor a se planejar para automatizar o fluxo de entregas quase em tempo real em relação às encomendas de seus clientes.

Com isso, você pode reduzir a quase zero o custo de estoque com mercadorias de alto valor global — que ficariam paradas por meses na fábrica, desnutrindo seu fluxo de caixa e forçando endividamentos desnecessários.

O Just in Time tem por objetivo criar uma gestão inteligente e racional de insumos, que são puxados pela demanda, e não mais estimados de acordo com fórmulas matemáticas que raramente se confirmam (afinal, desempenho passado não é necessariamente sinônimo de repetição futura).

Quais são as vantagens e desvantagens desse sistema de produção?

De posse dessas informações, você já deve ter percebido que as vantagens desse modelo são diversas. As mais importantes são:

●        redução de custos;

●        diminuição da pressão por espaço físico;

●        redução das despesas com locação (para armazenamento);

●        simplificação na gestão de estoques;

●        contribuição para a criação de um espaço produtivo mais “clean”;

●        queda no índice de endividamento;

●        maior previsibilidade financeira;

●        fortalecimento do capital de giro sem necessidade de recorrer a financiamentos.

Contudo, pode haver também desvantagens, como:

●        custo inicial alto para mudança de sede;

●        necessidade de firmar parcerias confiáveis;

●        maior vulnerabilidade a flutuações de preços (não é mais possível usar estoques para se prevenir de eventual elevação do câmbio, por exemplo).

De toda forma, planejar significa traçar metas, projetar demandas e preparar-se antecipadamente para lidar com as incertezas inerentes ao mundo dos negócios. Quando seu fluxo financeiro passa a ser mais alinhado com as receitas reais, fica mais fácil fazer o planejamento da produção de móveis e sua gestão, com maior chance de crescimento no longo prazo.

Enfim, o Just in Time deixa a empresa menos dependente de cenários econômicos, o que é especialmente importante em um momento de crise sanitária e econômica como o que vivemos atualmente.

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