Projeto de design de interiores: quanto cobrar por um?

Por ser um tipo de serviço que envolve criatividade, despesas e também muito trabalho duro, a composição de preço para um projeto de design de interiores não é tão simples como a de um tomate na feira. São diversos elementos que devem ser agregados ao valor final do projeto e pode ser difícil alcançar orçamentos lucrativos e ao mesmo tempo competitivos.

Cobrar muito caro sem entender como funciona o cálculo do preço espanta toda a clientela. Mas quem não faz as contas e apenas se desvaloriza para tentar ganhar da concorrência está com os dias contados neste setor: quando notar que está pagando para trabalhar, o aspirante a arquiteto já terá abandonado o seu negócio.

Portanto, para não errar para mais nem para menos, confira algumas dicas que vão lhe ajudar a precificar seu projeto de design de interiores.

Coloque suas despesas no papel

Esse é o primeiro passo, mas espantosamente muitos falham exatamente nesta tarefa: antes de estimar qualquer tipo de preço de produto ou serviço, é preciso analisar quanto ele custa. Portanto, um arquiteto deve colocar no papel seus gastos com contas de luz, telefone e aluguel, por exemplo.

Também entra nessa conta os gastos com equipamentos, softwares e pagamentos de funcionários. E claro, o pró-labore, que é o salário do empreendedor, também deve ser calculado.

Muitos iniciantes não sabem estimar muito bem sua hora de trabalho. Algumas vezes, até quem é mais experiente fica na dúvida sobre quanto realmente vale seu tempo. Uma dica é conversar com colegas e buscar outras referências no mercado para chegar em um seguro ponto de vista para essa conta.

Pesquise o mercado de design de interiores

Isso é essencial para quem quer entender melhor não apenas quanto vale seu trabalho, mas quanto o seu público está disposto a pagar por ele. Pesquisar o mercado de design de interiores significa descobrir os preços usuais de projetos na mesma região de atuação que a sua e, se possível, encontrar trabalhos de outros designers em um mesmo nível profissional que o seu.

Talvez, ao pesquisar a concorrência, o arquiteto descubra que seus custos estão baixos e ele pode ou cobrar mais barato para conseguir mais clientes ou aumentar sua margem de lucros. E se for o contrário, talvez seja preciso entender melhor suas despesas e descobrir como cortar custos desnecessários para ser competitivo.

Considere o valor da sua assinatura

Esse é um dos momentos mais desafiadores para quem ainda não tem um renome no mercado: qual o valor da sua assinatura em um projeto de design de interiores. É algo subjetivo, mas isso não quer dizer que é desnecessário ou deve ser desconsiderado.

O projeto de design de interiores assinado é algo feito sob medida para quem compra. É um trabalho criativo, resultado de anos de estudo e de uma visão artística única. Logo, é justo um valor pela assinatura, que vai variar de acordo com o renome do criador.

Para calcular, o arquiteto precisa entender seu posicionamento no mercado. Se estiver no começo ou não tiver um portfólio de cair o queixo, o valor da assinatura será mais baixo. Arquitetos veteranos que impressionam pelo seu trabalho e projetos concretizados conseguem receber mais por sua assinatura.

Vale a pena ressaltar: assinatura não é o mesmo que o lucro. Aqui calculamos a geração de valor agregada pelo nome do designer. O lucro é o retorno sobre o capital investido no negócio; vamos falar sobre ele em breve.

Calcule o preço do projeto de design de interiores

É bem comum ver arquitetos e designers de interiores cobrando por metro quadrado nos seus projetos. Não tem nada de errado nisso, mas é importante compreender que isso não é a única forma de precificar seu serviço: é na verdade uma forma de apresentar o preço ao cliente final, de forma compreensiva para ele.

Ou seja, agora que você tem todas despesas anotadas, compreende a concorrência e sabe valorizar sua assinatura, não precisa seguir tabela alguma de preço por m² em projetos de design de interiores. Ainda que ela seja uma referência legal para a pesquisa.

Pelo contrário, você será capaz de avaliar sua produtividade e a demanda pelo seu trabalho para chegar em um valor justo para o seu m² e aí sim, poderá apresentar orçamento aos seus clientes.

Uma outra forma de apresentar o preço final para o seu cliente é pedindo uma porcentagem do valor total da reforma. Ou seja, ao invés de considerar o m², o profissional pede, por exemplo, 15% dos 500 mil que serão gastos com a obra inteira.

Esse formato pode gerar resultados incertos, muitas vezes: se optar por usá-lo, é bom se assegurar que o dinheiro vai cobrir todas as despesas e, ao mesmo tempo, evitar que se torne um valor exorbitante.

Acrescente o lucro

Antes de entregar o orçamento final para o cliente, é preciso colocar o lucro sobre o projeto de design de interiores. Existe um pouco de confusão sobre o que é exatamente lucro, especialmente em serviços que envolvam criatividade, arte ou conhecimentos técnicos avançados.

Logo, lembre-se que a assinatura, por mais elevada que seja, não é lucro, mas sim um custo que é correspondente à geração de valor do renome do profissional. E o pró-labore definitivamente não é lucro: é o salário do empreendedor.

Lucro é, reiterando — o retorno sobre o capital investido, ou seja, quem colocou dinheiro e tempo no negócio —, normalmente o próprio arquiteto vai querer ver esse dinheiro render, o máximo possível. É desejável lucros de 2% a 5% sobre o valor total do projeto, mas se na pesquisa de mercado o designer entender que seu orçamento será muito barato, é válido dilatar essa margem.

Não se esqueça dos impostos

O último item para formar um preço justo, lucrativo e competitivo para o seu projeto de design de interiores são os impostos, que serão aplicados sobre o valor final. É importante que o arquiteto conheça todos as taxas e impostos que são aplicáveis ao tipo de projeto que ele está assumindo: eles variam de acordo com a cidade e também com o tipo de intervenção.

Para evitar surpresas, é bom sempre considerar os impostos antes de bater o martelo sobre o preço total do projeto de design de interiores. Por isso, acrescente esse último fator antes de mostrar seu orçamento ao cliente final.

Depois de tantas contas, finalmente é possível entender melhor como calcular o preço para um serviço tão complexo, subjetivo e trabalhoso como o design de interiores. Não existe mistério nessas dicas: é só colocar em prática e começar a cobrar preços mais estruturados no seu escritório.

E você? Como faz para calcular o preço de um orçamento para um projeto de design de interiores? Segue alguma das dicas acima? Compartilhe com a gente nos comentários!

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