Gestão de custos no setor moveleiro: o que é, para que serve e como fazer

A gestão de custos é uma prática essencial para garantir a saúde financeira do negócio. Porém, envolve uma série de processos internos que devem ser bem executados. Entenda!

O setor moveleiro brasileiro enfrenta desafios constantes relacionados à competitividade de preços, variação nos custos de matéria-prima, demanda por produtos personalizados e exigências logísticas. Por isso, a gestão de custos é uma ferramenta essencial para manter a saúde financeira da empresa e garantir sua sustentabilidade a longo prazo.

Não se trata apenas de gastar menos, mas de entender profundamente onde e como os recursos são aplicados. O objetivo? Aumentar a eficiência, reduzir desperdícios e tomar decisões estratégicas bem embasadas.

Neste artigo, você vai compreender o conceito de gestão de custos, sua importância, tipos, as diferenças entre despesas e custos, sua relação com o orçamento e como aplicar tudo isso no contexto específico do setor moveleiro. Confira!

O que é gestão de custos?   

A gestão de custos não é apenas uma função financeira, mas um instrumento essencial para aumentar a competitividade e sustentar o crescimento do negócio. Trata-se do conjunto de práticas, ferramentas e processos utilizados para identificar, planejar, monitorar e controlar todos os gastos relacionados à produção e operação de uma empresa.

O objetivo da gestão de custos é maximizar a eficiência operacional, reduzir desperdícios e melhorar a margem de lucro. Isso tudo sem comprometer a qualidade dos produtos ou a entrega ao cliente.

Ainda, é por meio desse gerenciamento que os gestores identificam e coordenam as ações, estratégias e políticas internas da empresa, visando seu bom funcionamento e desenvolvimento.

Essencial na administração de todo negócio, essa prática deve estar sempre pautada na cultura organizacional e integrar todos os colaboradores, de modo que a empresa alcance suas metas e objetivos.

Para que serve a gestão de custos no setor moveleiro?

No setor moveleiro, a gestão de custos envolve o acompanhamento detalhado dos gastos com matérias-primas (como madeira, MDF, ferragens), mão de obra, manutenção de maquinário, energia elétrica e outros insumos que impactam direta ou indiretamente na produção.

Dentre os diversos benefícios, destacamos a geração de resultados eficazes em todos os setores da empresa, o aumento da produtividade dos funcionários e o controle e organização das finanças. Afinal, a gestão de custos influencia diretamente as decisões que visam a otimização dos ganhos e, claro, a redução dos custos operacionais. ​

Quais são os tipos de custo?

No ambiente empresarial, os custos podem ser classificados de diferentes formas, conforme sua natureza, comportamento e relação com a produção. Compreender esses tipos permite organizar as finanças de modo eficiente e tomar decisões estratégicas acertadas.

Cada categoria de custo reflete uma característica específica do gasto, seja pela forma como ele varia com a produção, pelo seu vínculo direto com o produto ou pela sua função dentro da estrutura operacional. A seguir, listamos cada tipo.

Custo fixo

Custos fixos são aqueles que permanecem constantes, independentemente do volume de produção da empresa. Mesmo que a fábrica de móveis aumente ou reduza sua produção em determinado período, esses custos não sofrem variações significativas. Por isso, oferecem previsibilidade ao planejamento financeiro.

Eles estão associados à estrutura necessária para manter a operação funcionando, como o aluguel do galpão industrial, os salários da equipe administrativa, as licenças de softwares utilizados na gestão e a depreciação de máquinas e equipamentos.

A correta identificação dos custos fixos é essencial para o cálculo do ponto de equilíbrio da empresa, ou seja, o volume mínimo de vendas necessário para que ela consiga cobrir todos os seus gastos fixos mensais.

Custo variável

Custos variáveis são aqueles que se alteram proporcionalmente ao volume de produção. Em uma fábrica moveleira, isso significa que, quanto mais móveis são produzidos, maiores serão esses custos e vice-versa.

Eles incluem, por exemplo, o consumo de matéria-prima, como madeira, MDF, cola e verniz, o uso de embalagens, comissões sobre vendas atreladas à produção e parte do consumo de energia elétrica relacionada ao funcionamento das máquinas.

Esses custos estão diretamente ligados ao custo unitário de produção, já que seu comportamento acompanha a quantidade fabricada. Por isso, seu controle é fundamental para ajustar os gastos à demanda e manter o equilíbrio financeiro da operação, especialmente em períodos de variação no ritmo de vendas.

Custo direto

Custos diretos são aqueles que podem ser facilmente associados a um produto específico dentro do processo produtivo.

No setor moveleiro, isso inclui, por exemplo, a madeira utilizada para fabricar uma cadeira, o tempo de mão de obra gasto pelo profissional que a montou, além de componentes, como parafusos, dobradiças e puxadores que integram diretamente a peça.

Os custos diretos são mensuráveis de forma objetiva por unidade produzida e fazem parte do cálculo do custo de fabricação. O controle rigoroso deles é essencial para precificar corretamente cada produto, acompanhar a rentabilidade de cada item da linha e tomar decisões fundamentadas sobre quais produtos manter ou descontinuar.

Custo indireto

Custos indiretos são aqueles que, embora necessários para o processo produtivo, não podem ser atribuídos diretamente a um único produto ou unidade fabricada. Eles estão ligados ao funcionamento geral da operação e são compartilhados entre diversos produtos ou setores.

No setor moveleiro, isso inclui, por exemplo, o consumo de energia elétrica da fábrica, a limpeza do galpão, os salários de supervisores e técnicos de manutenção e a lubrificação das máquinas.

Por não serem específicos de um item, esses custos costumam ser rateados entre os diferentes produtos com base em critérios como tempo de produção, volume ocupado ou consumo proporcional de recursos. A correta alocação dos custos indiretos permite maior precisão no cálculo do custo total dos produtos.

Custo operacional

Custo operacional é o conjunto de todos os custos relacionados à operação global da empresa e vai além da produção direta, pois abrange todas as áreas que contribuem para que o produto chegue ao cliente.

Isso inclui os custos com logística e transporte, os salários dos profissionais do setor comercial, a manutenção dos veículos de entrega e o investimento em sistemas integrados de gestão, como o ERP.

Esses custos fazem parte do dia a dia da operação e precisam ser acompanhados de forma integrada, pois afetam diretamente a estrutura organizacional como um todo. Compreender os custos operacionais é essencial para ajustar processos, eliminar ineficiências e manter a operação enxuta, mesmo nas áreas que não estão diretamente ligadas à produção.

Qual é a diferença entre gestão de custos e controle de despesas?   

Embora gestão de custos e controle de despesas tratem do uso de recursos financeiros dentro da empresa, os dois conceitos têm focos diferentes e atuam em áreas distintas da operação.

A gestão de custos está relacionada à parte produtiva, ou seja, tudo o que envolve a transformação de insumos em produtos. Ela abrange o controle dos gastos com materiais, mão de obra, processos industriais, equipamentos, tempo de produção e tudo o que contribui diretamente para a fabricação e entrega do produto final.

Já o controle de despesas se refere aos gastos que não estão ligados diretamente à produção, mas sim ao funcionamento geral da empresa. Isso inclui despesas administrativas, comerciais e operacionais, como contas de água e luz do escritório, serviços de telefonia, materiais de escritório, viagens de negócios e investimentos em marketing.

Para ilustrar, os diferentes tipos de madeira para fabricar um armário caracterizam-se como um custo, pois está diretamente vinculado ao produto. Já o pagamento da conta de internet do setor administrativo representa uma despesa. Isso porque se trata de um gasto necessário para manter a estrutura da empresa, mas que não participa diretamente da produção.

Qual é a relação entre gestão de custos e controle orçamentário?

A gestão de custos e o controle orçamentário estão intimamente ligados, embora tenham funções distintas dentro da administração empresarial.

O controle orçamentário estabelece previsões de gasto e define limites financeiros para cada área da empresa. Ainda, é feito com base em metas, estimativas e planos estratégicos.

Já a gestão de custos atua de forma mais prática e operacional. Ela monitora os gastos reais durante a execução das atividades e fornece dados precisos sobre como os recursos estão sendo utilizados.

Enquanto o orçamento projeta o que se espera gastar em determinada área, como produção, logística ou marketing, a gestão de custos mostra efetivamente quanto foi gasto e de que maneira.

Desse modo, os dados gerados pela gestão de custos alimentam o orçamento. Isso permite comparações entre o planejado e o realizado, além de identificar desvios, excessos ou economias.

A relação entre esses dois processos proporciona um controle financeiro mais rigoroso, maior previsibilidade e a possibilidade de fazer ajustes com base em informações concretas.

Quando bem integrados, a gestão de custos e o controle orçamentário formam um ciclo contínuo de planejamento, acompanhamento e melhoria. Assim, permitem maior controle sobre os recursos e contribuem para a estabilidade econômica da empresa.

Quais são as atividades da gestão de custos no setor moveleiro?   

A gestão de custos no setor moveleiro envolve uma série de atividades específicas que visam controlar e otimizar os gastos ao longo de todo o processo produtivo.

Elas são fundamentais para garantir que os recursos sejam utilizados de maneira eficiente, de modo a evitar desperdícios, monitorar o desempenho dos processos e a identificar oportunidades de melhoria. Confira agora quais são essas atividades!

Levantamento e classificação de custos

O primeiro passo da gestão de custos é mapear todos os custos envolvidos na operação, identificando sua natureza: fixos, variáveis, diretos e indiretos. Essa categorização permite uma análise mais estratégica e a construção de relatórios precisos.

Apuração do custo por produto

A apuração envolve o cálculo detalhado de quanto custa produzir cada tipo de móvel, desde a entrada da matéria-prima até a expedição. Esse cálculo deve incluir todos os elementos relevantes para garantir preços de venda coerentes e lucrativos.

Análise de rentabilidade por produto ou linha

Após identificar o custo de cada produto, é possível avaliar quais geram mais retorno e quais têm baixa margem. Isso ajuda a empresa a tomar decisões estratégicas sobre o mix de produtos, focando naqueles mais lucrativos.

Acompanhamento de indicadores de desempenho (KPIs)

Indicadores como custo médio por unidade produzida, índice de retrabalho, tempo de produção por peça e margem de contribuição ajudam a diagnosticar problemas e acompanhar a performance da produção ao longo do tempo. Por isso, o acompanhamento dessas métricas é indispensável!

Identificação e redução de desperdícios

A análise de custos ajuda a identificar onde há perdas de matéria-prima, falhas no processo produtivo, excesso de estoque ou ociosidade de máquinas. A partir disso, é possível implementar ações de melhoria contínua.

Planejamento e controle de compras e estoque

Um bom controle de custos também passa por uma gestão eficiente de compras. Negociar melhor com fornecedores, planejar a reposição de materiais e evitar estoques parados são práticas que reduzem o capital imobilizado e os custos de armazenagem.

Quais são os benefícios da gestão de custos para o setor moveleiro?

Uma gestão de custos eficiente traz vantagens competitivas importantes para indústrias moveleiras de todos os portes. Entre os principais benefícios, destacam-se:

  • Redução de desperdícios de materiais e retrabalho;
  • Melhor formação de preços de venda e margens mais saudáveis;
  • Maior previsibilidade e controle financeiro;
  • Tomada de decisões mais assertivas, baseadas em dados reais;
  • Otimização da produção e uso mais eficiente dos recursos;
  • Identificação de produtos com baixa ou alta rentabilidade;
  • Apoio à expansão com base em informações confiáveis;
  • Fortalecimento do posicionamento no mercado frente à concorrência;
  • Melhoria na negociação com fornecedores ao conhecer o custo real;
  • Redução de riscos financeiros em períodos de instabilidade.

Como fazer uma gestão de custos eficiente no setor moveleiro?   

Fazer a gestão empresarial de uma fábrica de móveis não é tarefa simples, exige dos profissionais habilidades, conhecimentos e visão estratégica para que o negócio flua bem e alcance seus objetivos. Podemos dizer que esse é um ponto determinante para o sucesso da empresa.

Mas para que a gestão empresarial seja otimizada e leve a empresa a desenvolver seu potencial total, é preciso atuar com boas práticas de administração associadas à organização e ao controle de recursos. Conheça alguns passos!

Faça um planejamento produtivo

Que o planejamento é uma etapa essencial para o negócio, todo gestor sabe. No entanto, ele deve ser produtivo, ou seja, voltado para o controle efetivo e sustentável dos recursos, com foco na otimização da produtividade.

Isso significa implementar medidas de contenção de gastos e uma política de corte de desperdícios e de custos elevados. A gestão deve conseguir prever com antecedência todas as etapas do processo para que esse controle seja possível.

Com uma administração voltada para resultados, os impactos positivos atingem não só os lucros, mas favorecem a integração dos setores, melhorando a comunicação, a administração dos recursos e até mesmo a logística.

Dê atenção à política de recursos humanos

Para fazer uma gestão eficiente, a empresa precisa valorizar as pessoas envolvidas em todos os processos. Por isso, criar uma boa política de recursos humanos é uma prática administrativa que não pode ser negligenciada.

Quando o gestor se preocupa com o RH da sua empresa e investe em ações de valorização, a produtividade aumenta. Além disso, a organização tem a possibilidade de descobrir novos talentos e de fazer remanejamentos e substituições visando a melhoria dos processos.

Em contrapartida, quando o elemento humano não é considerado na empresa, ela sofre com baixa produtividade e grande rotatividade de funcionários.

Implemente métricas e KPIs

KPI (Key performance indicator) quer dizer indicador-chave de desempenho. Trata-se de uma técnica fundamental para que os gestores possam acompanhar o desenvolvimento de seus negócios.

Por meio desse parâmetro, os líderes comunicam aos seus colaboradores os resultados da empresa, fazendo com que eles se sintam envolvidos e alinhados aos objetivos do negócio.

Para fazer a medição desses indicadores, é necessário, antes mesmo de iniciar a gestão empresarial, definir quais serão as métricas de acompanhamento. Assim, os gestores vão mensurar o desempenho do projeto em cada setor e, com esses dados, analisar o que precisa ser feito para otimizar os ganhos.

Faça um rígido controle de qualidade

A qualidade dos serviços e produtos oferecidos pela empresa é que determina sua imagem no mercado, ou seja, ela é o que oferece.

Por essa razão, a gestão empresarial deve estar voltada para o controle rígido de qualidade, evitando ao máximo problemas como entregas malfeitas, atendimento ruim, defeitos e outros que não representam a política da organização.

Fique atento às questões financeiras

Infelizmente, nem todas as empresas que abrem as portas sobrevivem ao primeiro ano de vida. Muitas das vezes, isso se deve à falta de gestão empresarial, principalmente no que diz respeito às finanças.

É por essa razão que você deve ter uma atenção extra nesse aspecto, pois a falta de organização financeira não só atrapalha os negócios, como pode levá-lo ao fracasso.

Sendo assim, faça um rigoroso controle da vida financeira. Na gestão de custos, devem ser gerenciados pagamentos, recebimentos, notas fiscais e demais documentos necessários para manter as contas em dia.

Consulte a opinião de gestores financeiros e fuja das dívidas com cartão de crédito e cheque especial. Muitas pessoas acham que esse cuidado é importante apenas para a pessoa física, mas pessoas jurídicas podem ter muitos problemas com a falta de controle das dívidas. Da mesma forma, evite juros bancários e só faça investimentos que possa pagar.

Utilize sistemas ERP

Atualmente, a gestão de empresas deve estar cada vez mais alinhada com a inovação. Os sistemas de tecnologia e comunicação estão voltados para um objetivo comum: promover maior praticidade e rapidez nos processos.

Por isso, não abra mão de softwares e aplicativos para otimizar as atividades da empresa. Eles vão oferecer o suporte tecnológico adequado que você precisa para fazer uma gestão empresarial eficiente.

Uma boa dica é investir em um sistema ERP. Ele permite a gestão integrada dos processos da organização, permitindo consultar todas as informações de uma transação — comercial ou administrativa — em uma única base de dados.

Como as informações ficam em um só lugar, a solução de ERP torna mais fácil uma integração entre os vários setores da empresa. No setor moveleiro, ela possibilita consultar níveis de estoque, expedir produtos finais, possibilitar o início da produção, gerar faturamento, acompanhar o processo produtivo, dentre outras coisas.

Outros benefícios que a tecnologia, por meio dos sistemas ERP, oferece são:

  • Maior rapidez na execução dos processos;
  • Redução de custos;
  • Melhoria do fluxo de informações;
  • Agilidade na tomada de decisão;
  • Eficiência no uso dos recursos;
  • Aumento da produtividade;
  • Integração de toda a empresa.

A gestão de custos no setor moveleiro vai muito além de cortar gastos: trata-se de entender a fundo como os recursos são utilizados, identificar gargalos, valorizar o que realmente gera retorno e fortalecer a estrutura financeira da empresa.

Ao aplicar boas práticas de planejamento, controle e análise, é possível melhorar a produtividade, tornar os processos mais enxutos e alcançar margens mais saudáveis, sem renunciar à qualidade dos produtos.

Confira nosso artigo sobre a gestão empresarial para o setor moveleiro e descubra como integrar processos, tecnologia e equipes para transformar sua fábrica em uma operação de alta performance.

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