Precificar os projetos de marcenaria é muito importante para assegurar a rentabilidade. Será que você está precificando certo? Vamos descobrir!
Definir o preço adequado para um produto pode parecer uma ação simples em um primeiro momento, mas ao incluir o fator serviço — como é o caso da marcenaria — a questão fica bem mais complexa.
Neste post, exploraremos a fundo o processo de precificação de projetos de marcenaria, abordando tudo o que você precisa saber para definir um preço justo para o cliente e, claro, para o seu negócio. Confira!
O que deve ser considerado ao precificar projetos de marcenaria?
Sempre que falamos em precificação, precisamos entender que o cálculo é fundamentado em cima de quatro pilares: custo, mão de obra, despesa e lucro.
Custos de materiais
Em marcenaria, a escolha dos materiais faz toda a diferença no resultado do projeto, portanto, precisa ser considerada na hora de formar o preço.
Ainda, a qualidade da madeira, as ferragens, os acabamentos, cada um desses elementos gera impacto, por exemplo, uma madeira de lei, como o mogno, custará muito mais que um MDF ou pinus. Já uma dobradiça simples, custará menos do que uma dobradiça com amortecimento e acabamento de alta qualidade.
Além da qualidade dos itens, a procedência da madeira, as certificações de sustentabilidade e o tipo de acabamento que ela receberá também influenciam o preço.
E para quem acha que só esse tipo de custo conta, aqui vai um ponto: quando calculamos o custo dos materiais, não podemos apenas considerar o valor bruto, mas devemos somar o custo do desperdício, que é inevitável durante o corte e a montagem das peças.
Ninguém quer ficar no prejuízo por causa de um cálculo de materiais malfeito, certo? Por isso, é importante considerar uma margem para desperdícios, como veremos mais adiante.
Mão de obra
A mão de obra em marcenaria não é só trabalho braçal. Ela inclui o tempo investido, as habilidades do marceneiro e as técnicas utilizadas em cada fase do projeto.
Cada peça que passa pelas mãos de um profissional carrega um pouco de sua experiência e dedicação. Portanto, ao calcular o custo da mão de obra, é fundamental também considerar a complexidade do projeto, pois quanto mais personalizado e detalhado ele for, mais tempo e especialização ele vai exigir.
Uma peça feita por um marceneiro experiente, que domina técnicas avançadas, terá um valor agregado maior do que uma peça padrão. O contrário ocorre caso seja produzida por alguém menos experiente ou sem o mesmo domínio técnico.
Além disso, não é só o marceneiro principal que entra na conta, se há uma equipe envolvida, cada colaborador e o tempo de trabalho deles precisam ser contabilizados.
Despesas operacionais
Enquanto os materiais e a mão de obra são mais tangíveis, as despesas operacionais são custos menos visíveis, que podem passar despercebidos.
Esses são os gastos que mantêm a marcenaria funcionando, como aluguel, contas de luz e água, manutenção de equipamentos e ferramentas. Eles podem não estar diretamente ligados a um projeto específico, mas é importante saber que eles impactam o custo final do produto e precisam ser diluídos em cada peça.
Imagine uma marcenaria que possui maquinário de alto valor, como serras de corte precisas e lixadeiras industriais. O custo de manter esses equipamentos — desde a energia consumida até a manutenção regular — deve ser repassado ao preço.
Lucro desejado
Além de cobrir os custos, a marcenaria precisa gerar retorno para crescer e evoluir. Então, será preciso também considerar o lucro desejado, ou seja, o quanto era esperado ver de dinheiro sobrando após receber dos clientes e pagar suas contas.
A definição da margem de lucro vai depender de diversas variáveis, como o posicionamento do negócio, o público-alvo e a qualidade dos produtos oferecidos. Na marcenaria, uma margem entre 20% e 40% é comum, mas isso pode variar conforme o nível de especialização do trabalho.
Se o objetivo é expandir o negócio, talvez seja necessário aumentar a margem de lucro em alguns produtos para que o faturamento permita novos investimentos. Lembre-se disso!
Como precificar projetos de marcenaria?
Com os quatro pilares da precificação em mente, agora vamos entender como formular o preço, na prática.
Crie uma planilha de custos
Uma planilha de custos será a base para entender onde o dinheiro do projeto é realmente gasto.
“Por onde começar?”
Divida a planilha em categorias como materiais, mão de obra, despesas operacionais e margem de lucro. Aqui, dentro da categoria de materiais, por exemplo, crie subcategorias para tipos de madeira, ferragens e acabamentos. Essa divisão vai evitar que detalhes escapem, além de facilitar atualizações dos dados conforme os preços dos insumos vão mudando.
Ademais, manter uma planilha atualizada também permitirá que você visualize, ao longo do tempo, onde os maiores custos estão e como ajustá-los.
Estipule uma margem de lucro
Na marcenaria, o lucro deve não só cobrir os custos, mas também fornecer um retorno que permita investimentos futuros, como em novas ferramentas ou até a ampliação do espaço de trabalho.
“Como vou definir a margem certa?”
Uma margem de lucro saudável em marcenaria costuma ficar entre 20% e 40%, dependendo do tipo de projeto e da exclusividade do acabamento. No entanto, uma peça com alto nível de detalhamento, como uma mesa artesanal com design exclusivo, pode justificar uma margem maior.
Portanto, avalie as especificidades de cada produto ao definir o preço.
Desenvolva uma fórmula de cálculo
Uma vez que os custos forem listados, elabore uma fórmula padrão para automatizar o valor final de seus produtos. Ao fazer isso, você conseguirá aplicar uma estrutura de valores semelhante em diferentes tipos de projetos, garantindo consistência e reduzindo o tempo necessário para fazer o orçamento.
“Como construir uma fórmula?”
Uma fórmula que pode servir de base é:
Preço final = (materiais + mão de obra + despesas operacionais) x (1 + margem de lucro)
Esse modelo vai permitir que você faça ajustes personalizados em cada componente, como uma margem específica para um projeto mais complexo.
Faça pesquisas de mercado
Uma vez que tenha chegado a um preço, não deixe de analisar se a sua oferta é atrativa em relação aos produtos concorrentes. Assim, veja em qual patamar de comparação se encontra a sua oferta, mas não se esqueça de validar se as outras empresas apresentam o mesmo nível de qualidade, material e garantia.
“Como posso fazer uma boa pesquisa?”
Comece observando o que seus concorrentes estão entregando. Em uma loja de móveis sob medida, peça orçamentos para avaliar peças parecidas com as que você produz e estude a estrutura dos preços, a qualidade dos materiais e o acabamento, por exemplo.
Seja competitivo com consciência
Competitividade não significa apenas reduzir os preços, mas também agregar valor ao cliente e oferecer algo que outros concorrentes talvez não possam. Em marcenaria, é possível ser competitivo mantendo a qualidade e destacando o design ou a durabilidade das peças.
“Que estratégias posso usar para aumentar a competitividade?”
Considere oferecer um “pacote” de vantagens que incluem montagem e entrega. Para clientes que valorizam conveniência, esses benefícios podem ser um diferencial forte. Além disso, oferecer pequenos ajustes, como o uso de materiais recicláveis ou a criação de uma linha com madeira certificada, pode tornar o valor mais atraente e destacar seu trabalho.
“E quanto ao desconto, quando posso oferecer?”
Evite entrar na lógica de descontos frequentes, pois isso pode acabar desvalorizando o seu trabalho. Em vez disso, procure oferecer condições especiais para clientes recorrentes ou em projetos maiores, onde o volume de pedido justifica uma redução no preço.
Tenha atenção aos prejuízos
Perdas financeiras podem surgir de imprevistos, como erros no corte de material ou peças que não atendem ao padrão de qualidade. Em uma marcenaria, a melhor forma de evitar esses prejuízos é estabelecer padrões altamente rigorosos e ter uma boa gestão dos insumos.
“Como identificar os principais pontos de perda na produção?”
Faça uma análise das áreas onde os prejuízos são mais recorrentes. Desperdício de materiais durante o corte e acabamento pode ser um grande vilão dos lucros. Para isso, invista em treinamento da equipe e em ferramentas de qualidade que reduzem erros e garantem cortes precisos.
Outra prática que pode ser interessante aplicar é revisar os projetos antes de iniciar o trabalho, corrigindo falhas no plano para evitar retrabalhos.
Como calcular o custo do projeto de marcenaria?
Agora, veremos um exemplo de como calcular o custo do projeto. Acompanhe!
Defina o escopo e materiais necessários
Liste os materiais específicos para o projeto, pois cada material tem características e preços diferentes. Também indique quantos metros quadrados ou metros cúbicos serão necessários, o tipo de madeira, ferragens e acabamentos e margem para desperdício (geralmente entre 10% e 15%).
Exemplo:
Suponha que você precise de 5 m² de MDF e 2 m² de carvalho. O MDF custa R$ 150,00 por m², enquanto o carvalho custa R$ 300,00. O custo bruto dos materiais será:
- MDF: 5 m² x R$ 150,00 = R$ 750,00
- Carvalho: 2 m² x R$ 300,00 = R$ 600,00
- Total de Materiais: R$ 1.350,00
Aplicando 10% de margem para desperdício, o custo total de materiais é:
- R$ 1.350,00 + (R$ 1.350,00 x 0,10) = R$ 1.485,00
Calcule a mão de obra
O valor da mão de obra varia conforme a complexidade do projeto e o nível de habilidade necessário. Em geral, você pode calcular o custo por hora (estimar quantas horas de trabalho serão necessárias e multiplicar pelo valor da hora de cada trabalhador) ou cobrar pela complexidade da peça.
Exemplo:
Digamos que o projeto de uma mesa requeira 20 horas de trabalho e a hora de mão de obra do marceneiro seja R$ 50,00. Nesse caso, o cálculo da mão de obra ficaria:
- 20 horas x R$ 50,00 = R$ 1.000,00
Inclua custos
Custos como aluguel, eletricidade, manutenção de ferramentas, transporte dos materiais e taxas administrativas também devem ser incluídos no cálculo. Uma forma de distribuir esses custos é calcular uma porcentagem sobre o valor dos materiais e da mão de obra, geralmente entre 10% e 20%.
Exemplo:
Se o custo dos materiais e da mão de obra for de R$ 2.485,00, aplicando uma margem de 15% para custos indiretos, teremos:
- R$ 2.485,00 x 0,15 = R$ 372,75
Logo, o total com custos indiretos será:
- R$ 2.485,00 + R$ 372,75 = R$ 2.857,75
Aplique a margem
Após calcular os custos, é hora de adicionar uma margem de lucro. Vamos supor que você deseje uma margem de lucro de 20%, então o custo total do projeto seria:
- R$ 2.857,75 + (R$ 2.857,75 x 0,20) = R$ 3.429,30
Quais são os erros mais comuns ao precificar projetos de marcenaria?
Quando o valor de um projeto é subestimado, a marmoraria corre o risco de comprometer o pagamento de seus fornecedores, funcionários ou até mesmo deixar de investir em ferramentas e melhorias.
Por isso, conhecer os erros mais comuns na hora da precificação é o primeiro passo para evitá-los e proteger a saúde financeira do seu negócio.
Subestimar o tempo necessário para completar o projeto
Na pressa de entregar o orçamento e conquistar o cliente, muitos marceneiros estimam um prazo menor do que o realmente necessário, sem considerar possíveis ajustes ou imprevistos que possam surgir. Esse erro pode fazer com que o projeto consuma mais tempo dos profissionais e, consequentemente, mais recursos do que o planejado, afetando diretamente o lucro.
Para evitar esse problema, é importante analisar cada etapa de produção e calcular o tempo necessário com base em experiências anteriores e no nível de complexidade dos projetos. Ferramentas de gestão de tempo e controle de processos podem ajudar a obter estimativas mais realistas.
Não calcular adequadamente os custos de material
Em marcenaria, onde cada peça demanda insumos específicos, é comum que pequenos detalhes, como o tipo de acabamento ou o uso de uma madeira mais nobre, acabem passando despercebidos no orçamento inicial. Esses pequenos custos, se somados, podem representar uma diferença significativa no valor final, por isso, atenção!
Para evitar esse erro, é importante que você liste todos os materiais necessários para o projeto, desde as madeiras até os menores itens de ferragens. Além disso, vale também considerar criar uma margem de segurança para cobrir possíveis aumentos de preço ou desperdícios.
Não calcular adequadamente os custos de mão de obra
A mão de obra é um dos componentes mais importantes em qualquer projeto de marcenaria. Entretanto, muitos profissionais esquecem de precificar adequadamente o trabalho, o que pode acabar reduzindo (e muito) a lucratividade.
Para obter um valor realmente justo e próximo do ideal, é necessário calcular o custo da mão de obra com base no tempo necessário para concluir o projeto e no número de profissionais envolvidos. Uma boa prática é dividir o valor da mão de obra pelo número de horas que o projeto levará para ser finalizado.
Ainda, é importante também considerar o treinamento e a especialização dos profissionais, pois habilidades específicas justificam um valor de mão de obra mais alto.
Deixar de incluir despesas operacionais
Embora possam parecer custos secundários, gastos com energia elétrica, aluguel e manutenção das ferramentas têm um peso significativo nas contas e afetam diretamente a margem de lucro da marcenaria.
Ignorar esses valores ao calcular o preço final de um projeto pode resultar em uma precificação que não cobre totalmente os custos e, consequentemente, ocasionar em prejuízos.
Para evitar que esses gastos fiquem de fora, recomendamos incluir uma porcentagem adicional para despesas operacionais no cálculo do preço final. Outra alternativa é calcular uma média desses custos mensais e distribuí-los proporcionalmente entre todos os projetos realizados no período.
Como os softwares de gestão podem ajudar a precificar projetos de marcenaria?
Softwares de gestão vieram para resolver uma série de desafios no universo da marcenaria — e um dos pontos onde eles realmente têm destaque é na precificação. Com essas ferramentas, os profissionais podem calcular cada centavo do projeto com uma precisão absurda, sem subestimar nada, desde o tempo gasto até o último parafuso.
Além de ajudar a precificar projetos de marcenaria corretamente, os softwares de gestão também integram tudo que envolve as operações da empresa em um só lugar, ou seja, estoque, horas de trabalho, materiais necessários e até despesas gerais. Assim, tudo fica centralizado!
Ainda, com relatórios detalhados, adquiridos a partir do software, você também pode saber exatamente o que foi gasto em cada etapa, o que deu lucro e onde poderia economizar.
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